IMAGEM: Toyotaf1.com/Divulgação (A última foto juntos)
Leo Lewis, correspondente de economia do TIMES no Japão, tem um artigo que sintetiza e racionaliza um pouco a a saída da Toyota e por tabela a debandada em massa dos japoneses da F1 nos últimos meses. O artigo é interessante porque revela o ponto de vista extra-F1, menos esportivo e mais centrado na identidade corporativa da companhia, algo sobre qual não estamos acostumados a ler.
Saída da Toyota é um reflexo dos problemas econômicos atuaisPor Leo Lewis — Correspondente de economia para a Ásia
“Os flashes dispararam, os obstinados executivos dobraram-se em súplica e o homem encarregado da divisão de esportes a motor soluçou como um samurai em pranto com o irmão caído nos braços: mais que isso, a desistência da Toyota da F1 foi um drama estilizado — algo que os japoneses denominam Kabuki.
O vilão da peça foi a recessão global e a miséria que assola as grandes fabricantes de automóveis ao redor mundo. Esse bicho-papão da crise é uma explicação conveniente, ainda que a Toyota tenha sido forçada a informar o seu primeiro prejuízo em 65 anos.
Também justificável foi a declaração da Toyota de que o movimento salvaria dinheiro — US$ 350 milhões por ano no que entende-se ser o custo da F1 para a companhia. Mas para um fabricante do tamanho da Toyota, a idéia de que ela não pode competir na F1 é uma fachada.
Talvez a companhia seja uma perdedora e Akio Toyoda, o seu novo presidente, não possa carregar o estigma e a vergonha de financiar uma equipe medíocre por mais três anos. A Toyota não venceu uma única corrida desde que adentrou o esporte em 2002. Recessão, sob esse ponto de vista, torna-se uma desculpa que livra a cara pelo abandono do esporte.
A desculpa financeira também é falsa. Os engenheiros da Toyota aprenderam um bocado com o esporte. A Maurgau Matrix, companhia britânica especializada em análise de mídia, calcula que esta temporada trouxe à equipe e seus parceiros exposição de US$ 353 milhões. Nem os gananciosos e vigilantes acionistas da Toyota justificariam sua partida da F1 baseada no desperdício de dinheiro.
A decisão da Toyota de deixar a F1 é desculpa esfarrapada para tempos difíceis — o sacrifício de algo brilhante e caro para persuadir o Japão de que sua maior empresa está levando a recessão a sério.
Akio Toyoda herdou uma companhia gigante com força extraordinária, mas com iguais desafios. Ele talvez tenha de desempregar centenas de trabalhadores em um país que tem desprezo ideológico pelo capitalismo.
A verdade é que a Toyota, como os seus rivais locais, deixou o automobilismo porque percebeu que o Japão não está disposto a assistir suas empresas se divertindo.”
IMAGEM. Ferrari.com
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